Inclusão Social através do karatê traz valor e dignidade

Um valoroso projeto tem mudado a vida de 35 crianças e adolescentes com idade entre 11 e 17 anos em Luiziana. No ano de 1996 chegava ao município o professor Cesar Augusto de Oliveira, 3º Dan (entenda no Box), convidado pelo então prefeito Wilson Tureck.

Cesar foi convidado para vir à cidade com o propósito de trabalhar com o Projeto Karatê Piá no Esporte, instaurado pelo Governo Estadual. Anos após, ao ver o crescimento da modalidade no Município, ele resolveu reativar o Projeto Karatê é Vida, que já era desenvolvido em Campo Mourão, onde residia, com aproximadamente 200 crianças. Ao todo, o projeto arrecadava algo em torno de uma tonelada de alimentos por mês e ajudava as famílias dos alunos do projeto e também algumas entidades filantrópicas local.

Em Luiziana, após a eleição do atual prefeito, José Cláudio Pol, foi instalado um projeto para a doação de terrenos por parte do município para pessoas carentes. Ao analisar a lei de doação, Oliveira chegou à conclusão que poderia incluir seu projeto, de cunho social, esportivo e disciplinar para que pudesse ser contemplado com um terreno para o desenvolvimento das atividades. Desta forma, o Projeto Karatê é Vida ganhava um espaço para que pudesse ser instalada sua sede própria.

Quando a doação foi efetivada, o professor estava em Campo Mourão e seu projeto era reconhecido pela Assembleia Legislativa do Paraná, através de proposição do então deputado Luiz Claudio Romanelli. Com isso, ele resolveu procurar novamente pelos parlamentares para estabelecer uma parceria para angariar materiais de construção para construir uma nova sede. “Infelizmente procurei por mais de 20 deputados estaduais, até mesmo os que representavam nossa região, mas não consegui êxito. Porém, não desisti de minha ideia de construir um Centro de Treinamentos no local onde conquistamos o terreno”, disse Cesar.

Assim, ele, funcionário público municipal, e sua esposa, professora, juntaram as economias familiares e construíram o Centro de Treinamento Educacional de Karatê (Cetek), que gerou um investimento de R$ 50 mil em uma área total de 150 metros quadrados.

Satisfação

Quando começou a trabalhar com a modalidade, aos 22 anos, Oliveira talvez nem imaginasse os resultados, em termos pessoais, que hoje, aos 38 anos, conseguiu alcançar. “Graças a Deus hoje conseguimos, através do projeto, junto com colaboradores, retirar muitas crianças de uma situação de risco e lhes dar uma vida nova, conseguindo mantê-las na escola e melhorando seu rendimento, o que é reconhecido pelos pais e familiares, que conseguem apontar uma mudança na atitude dessas crianças, que muitas vezes são mal vistas, mas que não têm culpa por isso, pois tudo é gerado de uma situação estrutural familiar que muitas vezes não permite um comportamento condizente com a exigência da sociedade, mas que merecem uma chance para serem melhores”, destaca o professor.

Persistência

Oliveira afirma ficar surpreso por não ver desistências por parte dos alunos que hoje fazem parte do projeto, já que existem atualmente 80 crianças na fila de espera, já com ficha preenchida, com o aval dos pais, mas sem entrar no projeto pela limitação de vagas. “Hoje temos dois ou três alunos com idade um pouco mais avançada. O detalhe é que um desses alunos está na iminência de abandonar as aulas, pelo fato de ter conseguido um emprego novo que não permitiria ir aos treinos, pela indisponibilidade de horário, o que causou uma tristeza muito grande, pelo fato dessa pessoa não querer abandonar os treinamentos”, salientou.

Resultados

Os alunos comandados pelo professor já começaram a fazer história. Há pouco tempo, a equipe luizianense conquistou uma vaga para a Fase Final do Campeonato Estadual, ao desclassificar Campo Mourão na Seletiva Regional. Na disputa final, a equipe superou Curitiba e conquistou o título estadual. “Temos alunos qualificados e dedicados nesta modalidade e tenho um atleta, em especial, que logo pode aparecer com destaque defendendo seleções paranaense e brasileira, devido ao extraordinário desempenho que apresenta nas disputas”, afirmou.

Filantropia

Para treinar, cada aluno contribui com uma cesta de alimentos. Na verdade, não são exatamente os alunos, pois cada empresário ou habitante da cidade com uma condição um pouco melhor adota um atleta para fazer essa doação mensal, o que propicia que participem das aulas. “Estes alimentos são destinados para as famílias desses alunos, na maioria carentes, mas também para entidades filantrópicas. E temos tido ajuda não só da comunidade local, mas também de pessoas de Campo Mourão e de toda a região, vendo a credibilidade do trabalho que realizamos”, ressalta. Oliveira afirma que, além de alimentos, algumas doações especiais já foram recebidas, como materiais de construção, entre outros.

Treinamentos

Os treinamentos são realizados nas segundas, quartas e sextas-feiras, a partir das 18h30. A maioria dos alunos chega acompanhada dos pais, que gosta de assistir o desenvolvimento dos filhos na modalidade.

O treinador é grato ao apoio das pessoas e a Deus, pela oportunidade de desenvolver o trabalho e poder colaborar com os alimentos arrecadados pelo projeto. Oliveira também se coloca à disposição para, em caso de alguém que queira colaborar com o projeto com alimentos, a manter contato para a arrecadação desses alimentos, através do telefone (44) 9959 7957. “Muitas pessoas, às vezes, têm vontade de colaborar, mas não encontram uma forma de levar esses alimentos para as entidades. Então nos colocamos à disposição para servir como um elo entre os colaboradores com a causa social e as entidades e pessoas que tanto necessitam”, destaca o professor.

Para finalizar, o professor afirmar que a causa deste projeto é civil e não política, apenas com interesse de ajudar as pessoas que mais necessitam e levar cidadania para as crianças. Ele também aconselha outras cidades que ainda não têm um projeto semelhante a iniciar o desenvolvimento de uma atividade tão gratificante como essa. “Representantes de outros municípios que quiserem conhecer o nosso trabalho podem entrar em contato conosco para virem até o local acompanharem de perto as aulas e, principalmente, o funcionamento de nossas atividades, desde a arrecadação de alimentos até os nossos treinamentos e o repasse das doações as pessoas e entidades”, conclui.

Fonte:http://correiodocidadao.com/vernoticia.php?id=308